A cada dia descubro o ser errante que sou, sou grossa, mimada, egoísta, egocêntrica.... mas de todos os males não sou o pior, sou bondosa, carismática, ambiciosa, esperta....
Tenho vozes em mim que não sossegam, que querem sempre mais e mais, o muito é sempre pouco... e o pouco é nada...
Aparendo uma tranquilidade tão falsa, que me irrito, estou tão inquieta por dentro, ninguém vê, ninguém percebe que luto contra meus montros interiores, contra meus eus que nem sei quem são, o que são, de onde vieram.... só sei que estão aqui no meu peito, me sufocanto, me matando um pouco a cada dia, como se apertassem meu coração com as mãos... dói tanto que quando vejo estou chorando... eu chorando? é, a coração de gelo também chora as vezes, e se acha tão idiota quando isso acontece, que lava a cara e finge que nada aconteceu...
Hoje foi visível minha luta, cinco LMs, um atrás do outro, numa ânsia, num desespero, numa ansiedade... ansiedade do que? não sei, só essas vozes em mim que sabem, eu nunca sei o porquê desse nó e essa inquietação, só sei que vem e vai assim, como vento, quando quer, sou apenas a árvore que leva os tapas do vento, que as vezes tenta desviar dos tapas....
'Depois de dizer isso Olga foi para casa, a terapia está fazendo bem, ela fala, fala, fala, enquanto uma espécie de estátua viva a ouve, dando conselhos, observando seus gestos, suas mãos que não paravam de gesticular, é visível que não está tomando os remédios que o psiquiatra receitou, ou está misturando com bebida... "Olga, não beba mais, e tome seus remédios", foi a última coisa que ouviu antes de sair do consultório.'